Há um mês, o menino Miguel Otávio, negro, cinco anos, morreu após cair do nono andar de um prédio de luxo no Recife. Sua mãe, a trabalhadora doméstica Mirtes de Souza, cumpria a tarefa de passear com o cachorro da patroa Sarí Corte Real, que estava responsável pela criança durante a ausência da mãe. ⠀
Em março, Cleonice Gonçalves, negra, 63 anos, foi uma das primeiras vítimas fatais da Covid-19 no Brasil e a primeira do estado do Rio de Janeiro. Sua patroa estava em quarentena após regressar da Itália, mas não informou que tinha sido infectada pelo coronavírus.⠀
Mirtes levara o filho para o trabalho porque não tinha com quem deixá-lo. Como tantas outras, Cleonice não podia abandonar seu emprego. Seguimos mortificadas com esses episódios, marcas coloniais, escravocratas e, sobretudo, racistas que degradam as condições de vida do povo negro no Brasil.
Esses casos mostram a urgência de medidas de proteção específicas para as trabalhadoras domésticas no momento crítico que vivemos. Em maio, parlamentares do PSOL na Câmara apresentaram o Projeto de Lei 2477/20, para determinar que os serviços domésticos não sejam incluídos entre as atividades essenciais durante a pandemia da Covid-19, assegurando às trabalhadoras o direito ao afastamento social, salário e direitos trabalhistas enquanto durar a pandemia.
Mais de 40 dias depois, no entanto, ele ainda não está na pauta do Plenário. Por isso, nesta quarta-feira (1º), parlamentares, movimentos da luta antirracista feminista, entidades de defesa das trabalhadoras e lideranças de todo o Brasil enviamos uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, pedindo urgente atenção ao Projeto de Lei nº 2477/20. Não podemos mais esperar! ⠀
Assine, compartilhe, pressione seu parlamentar > https://bit.ly/EuApoioPL2477