Movimentos denunciam possibilidade de presença de rejeitos de mineração na lama da Vallourec

Gravíssimo: análise do Movimento pelas Serras e Águas de Minas revela que o material que transbordou da Mina Pau Branco, em Nova Lima, pode conter rejeitos de mineração, ao contrário do que foi divulgado pela Vallourec no último fim de semana. As informações são baseadas no parecer único da Superintendência Regional de Meio Ambiente Central, que avaliou a documentação para a ampliação da pilha licenciada em janeiro de 2021. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da UFOP defendida em 2017 corrobora com as informações.

De acordo com o documento da SEMAD, além do estéril proveniente da lavra na cava da Mina Pau Branco, a pilha de co-disposição denominada Cachoeirinha, de onde desabaram taludes, recebia também rejeitos das operações de escavação da barragem Cachoeirinha e do sistema de desaguamento e filtragem. Apesar dessas evidências, o CEO da Vallourec afirmou à Itatiaia que não havia rejeitos nas estruturas envolvidas. Ainda não houve manifestação oficial por parte da empresa.

O lavramento de rejeitos de mineração tem se tornado uma prática cada vez mais comum pelas mineradoras, como forma de aproveitar comercialmente o fino do minério (e provavelmente outros bens minerais) presente nas barragens e lucrar ainda mais. Importante lembrar que a barragem da Vale que se rompeu na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, era inativa e o aproveitamento dos rejeitos fazia parte da licença concedida em dezembro de 2018. Precisamos saber se a Vallourec possuía licença específica para o “reaproveitamento de bens minerais dispostos em barragem”.

É fundamental que a empresa se posicione com urgência em relação a isso e que a ocorrência seja investigada a fundo pelos órgãos competentes. O material do transbordo pode, sim, estar contaminado por rejeitos minerários, em uma ameaça ainda mais grave ao meio ambiente, em especial às águas, e à saúde da população. Levamos essas dúvidas ao conhecimento do Ministério Público e enviamos requerimento de informação para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais. Seguimos acompanhando.

Imagem em destaque: Bruno Costalonga Ferrete/Zimel Press